A situação das aldeias do interior do País é de todos conhecida e o território do concelho de Idanha-a-Nova não constitui excepção, no quadro do envelhecimento generalizado da população, do despovoamento, das altas taxas de desemprego, da baixa escolaridade dos activos, do abandono dos campos, do fraco rendimento escolar dos alunos. Não existe um, mas vários motivos que originaram o actual estado de coisas, alguns dos quais se descobrem no domínio da longa duração histórica e não constitui novidade o facto de, desde cedo no processo de construção do Estado Português, o interior ser uma área que apresenta poucos atractivos à fixação das gentes.
Diversos foram os exemplos de incentivos implementados pelos nossos monarcas, no sentido de tornar a região atractiva, alguns bem radicais, tal como a criação de coutos de homiziados, locais que, por assim dizer, davam imunidade a determinados tipos de criminosos. Todavia, o afastamento da região dos centros de decisão, o facto de estar numa situação de primeira exposição ao embate dos exércitos invasores, a tendência oceânica dos grandes projectos nacionais, a falta de investimento em infraestruturas absolutamente cruciais para o desenvolvimento, como a rede viária, ditaram o sentido da evolução de todo o processo que conduziu a construção macrocéfala do país.
Se é verdade que este cenário de deve, em grande medida, a políticas adoptadas pelos poderes centrais, não podem ser escamoteadas as responsabilidades que nesta matéria competem aos poderes locais. E se é verdade que nesta última dezena de anos a situação de Idanha-a-Nova se agravou, depois do florescimento em que aparentemente se traduziu o consulado de Joaquim Moão, não é seguramente alheia a este facto a responsabilidade política de Álvaro Rocha, em cujos mandatos não se vislumbra uma única obra ou política verdadeiramente estratégica e com sentido.
O sector turístico tem sido usado como bandeira. Mera ilusão, que o desengano dos empresários e de alguns políticos locais deixa a descoberto, como se depreende da realidade trazida à luz por Diogo Cordeiro e por Mário Gomes Pechorro. Com efeito, o proprietário do Hotel Estrela de Idanha não esconde a situação financeira dramática atravessada por aquela unidade, e o Presidente da Assembleia de Freguesia de Segura colocou o dedo na ferida, quando trouxe para a praça pública a realidade verificada em Segura, com respeito às valências turísticas ali existentes, votadas a um completo e gritante abandono.