Gostaria de poder discutir com seriedade os problemas da freguesia de Ladoeiro e as necessidades da sua população, no sentido de encontrarmos, em conjunto, as melhores soluções para cada caso.
Quando aponto críticas a Álvaro Rocha, não o faço por questões pessoais. Já o disse, mais que uma vez, e quero-o frisar agora: o cidadão Álvaro Rocha merece o mesmo respeito que dispenso à generalidade das pessoas que conheço. No entanto, não posso deixar de tecer críticas ao seu desempenho enquanto autarca. Nunca o fiz de forma gratuita, e julgo que tenho consolidado as razões por que considero erradas as suas políticas. Eis alguns exemplos, que julgo mais flagrantes.
a) Não posso concordar com a forma como resolveu a questão do Mercado Municipal. E porquê?
1- Votou contra uma obra sem justificar os fundamentos da sua decisão;
2- Depois de ser eleito Presidente da Câmara, fez tábua rasa de uma decisão democrática, tomada num órgão colegial do qual fazia parte, enquanto vereador da oposição, e mandou cancelar uma obra já em curso.
3- Em consequência do cancelamento da obra, lesou o erário público em perto de vinte mil contos, valor pago a título indemnizatório ao empreiteiro a quem a mesma havia sido adjudicada.
4- No local onde deveria ter construído o Mercado Muncipal, a autarquia nada fez durante oito anos, não conseguindo resolver o problema das barracas de ciganos ali existentes.
b) Não posso concordar com a questão do Mercado Abastecedor do Ladoeiro. E porquê?
1- Porque Álvaro Rocha prometeu fazer e não cumpriu;
2- Ou porque não teve capacidade política para o fazer;
3- Ou porque mentiu deliberadamente ao Povo do Ladoeiro;
4- Seja como for, a um autarca devem ser pedidas responsabilidades políticas: é isso que faço.
c) Não posso concordar com as políticas de juventude para a freguesia. E porquê?
1- Simplesmente, porque não existem;
2- Os jovens não têm uma biblioteca, onde possam compensar algumas carências a nível de bibliografia científica, ou dar asas à imaginação através da literatura;
3- Não têm uma mediateca, onde possam acompanhar a complexidade das tecnologias de informação e comunicação;
4- Não têm uma sala de convívio, onde desenvolvam as suas actividades pessoais, lúdicas e didácticas;
5- Não têm uma sala de estudo, onde possam ser ajudados em tarefas de âmbito escolar;
6- Não têm um auditório, para verem e fazerem teatro, visionarem filmes, ouvirem música, etc.
7- Não têm ateliês criativos, onde possam mostrar e desenvolver as suas capacidades e aptidões.
d) Não posso concordar com a política social existente na freguesia. E porquê?
1- Não existe um gabinete de apoio à desburrocratização, onde as pessoas sejam ajudadas a interpretar ofícios e a preencher formulários, valência tanto mais fundamental, quanto se sabe o elevado índice de iliteracia verificado no Ladoeiro.
2- Como consequência disso, dezenas de pessoas, com enquadramento de requisitos, não beneficiam do rendimento Social de Inserção, do Complemento Solidário ao Idoso, entre outras prestações sociais atribuídas pela admnistração central;
3- Donde, algumas pessoas vivem com muitas restrições orçamentais e milhares de euros deixam de entrar no circuíto financeiro da freguesia;
4- Inúmeras pessoas desconhecem os seus direitos e as suas obrigações perante entidades diversas, tais como a Justiça e os Tribunais, a Administração Tributária e Fiscal; o Sector Financeiro e a Banca, etc.
Não posso concordar com a política de preservação patrimonial da autarquia. E porquê?
1- Porque não existe;
2- E, em consequência disso, perde-se gradualmente o rico património da freguesia, tanto o corpóreo como o incorpóreo.
3- Não existe uma casa etnográfica de adobe;
4- Não existe respeito pela traça arquitectónica dominante;
5-Não existem estudos monográficos sobre a freguesia;
6- Não existe um arquivo histórico-documental da freguesia;
7- Não existem levantamentos etnográficos sobre as pessoas, as artes e as tradições;
8- Não existe respeito pelos caminhos públicos ancestrais;
Para não tornar fastidioso este texto, fico-me por aqui, não sem antes apelar à reflexão dos leitores, no sentido de se perceber de quem é a responsabilidade política de nada ter sido feito para mudar o rumo do Ladoeiro e consequentemente tornar esta freguesia atractiva, competitiva e dinâmica. Pelo contrário, o Ladoeiro é uma freguesia envelhecida, desertificada, sem perspectivas, com uma população desempregada e cada vez mais pobre, com inúmeros problemas sociais a emergirem de dia para dia.
Romper uma estrada, construir uma piscina, equipar um lar de Terceira Idade são obras importantes, sem dúvida, mas não são medidas estratégicas de desenvolvimento, diria que não passam de obras de gestão corrente. Assim, é preciso mudar as políticas e isso passa, necessariamente, por mudar os políticos. A começar por Álvaro Rocha.