sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A piscina como auto-promoção política, à custa de mais de 810 mil euros

Agora que se aproximam as eleições autárquicas -esperemos que as mesmas concidam com o fim do desastroso consulado socialista de Álvaro Rocha em Idanha-a-Nova- enormes máquinas escavadoras esventram o antigo campo da bola do Ladoeiro. Recordo, com alguma saudade, os não poucos jogos a que assisti, em pequeno, naquele espaço emblemático da freguesia.
Apesar de nunca ter sido grande adepto de futebol, sendo admirador de jogos desportivos, quando podia, não perdia um daqueles característicos partidos que animavam as tardes de domingo no campo da bola. Com os escassos escudos que a minha avó me dava a tilintar no bolso dos calções, subia à carga o antigo Quelhão, para comprar no bar um delicioso perna-de-pau. Ali me entretinha, a ver os solteiros contra os casados, ou os nossos contra os de fora. A animação era mais que muita: o Ladoeiro era então uma freguesia populosa e movimentada. Depois do jogo, se a rapaziada alinhava, ainda íamos ao canal tomar um banho, ou simplesmente calcorrear veredas e caminhos, sempre na senda de mais uma aventura.
Tudo isto faz parte de um passado não muito longínquo. Mas agora que vejo o campo esventrado, vejo a que distância ficam todas estas recordações. Agora temos uma piscina! Equipamento moderno e sofisticado, tanto como dispendioso e de elevada manutenção. É pena que agora o Ladoeiro não tenha o movimento do tempo dos jogos da bola no campo de futebol. Realmente, não sei bem quem serão os futuros utilizadores deste equipamento, quando a realidade, nua e crua, espelhada em dados verdadeiramente assustadores, revela que os jovens da freguesia são cada vez menos, e que mesmo esses rumam a outras paragens, para construirem as suas vidas.
Quanto à piscina do Ladoeiro, cujas obras oportunisticamente agora se iniciam, admito a existência de várias opiniões, no quadro da sua hipotética utilidade (mas justificar-se-à numa altura de crise como esta gastar mais de 810 mil euros a construir uma piscina?. Agora uma coisa é certa, começar uma obra a escassos meses do início de uma campanha eleitoral é, mais uma vez, tentar chamar tolos aos Ladoeirenses, coisa que os mesmos nunca foram.
Álvaro Rocha estudou bem a cartilha dos políticos oportunistas: nada como inaugurar e fazer obras em cima de umas eleições. Vamos ver se este chão dará uvas...