O gesto insólito do Ministro da Economia mereceu os mais diversos reparos, todos conformes quanto ao seu despropósito. Cavaco Silva, com sobriedade e acerto, sublinhou o carácter sagrado do local onde o mesmo teve lugar, mas o que é verdadeiramente sagrado é a instituição democrática e essa tem sido vilipendiada constantemente, se não tanto por gestos, por atitudes e modos de agir inaceitáveis.
O que será mais grave, um ministro em fim de linha revelar toda a sua arrogância e também desespero num gesto e expressão indecorosos, ou um autarca transformar-se num cacique e servir-se de um lugar para alimentar a sua clientela e família, fazendo tábua rasa das mais elementares regras democráticas e atropelando mesmo direitos fundamentais dos cidadãos?
Como qualificar a atitude de Álvaro Rocha face aos concursos de admissão de pessoal para a autarquia, distribuindo-os por quem quer como se de tenças particulares se tratassem? Como qualificar a sua postura no caso do Mercado Municipal do Ladoeiro, onde dinheiros públicos foram delapidados para satisfazer um capricho pessoal, com prejuízo do progresso da freguesia. Como qualificar as suas promessa eleitorais nunca cumpridas? Como qualificar as suas opções políticas irreflectidas? Como qualificar a sua arrogância e prepotência face às instituições do concelho? Como qualificar a sua tentativa de silenciar órgãos de instituições independentes, como é o caso do MASCAL, querendo sobrepor-se à legitimidade dos titulares dos mesmos? Inaceitável e inqualificável é que um autarca se julgue dono e senhor de uma terra e não perceba a imensa glória que há em servir um Povo, e a infâmia que reside em servir-se dele.