O Ministro da Agricultura quer fazer na secretaria o que não conseguiu através do diálogo com os agricultores. Com efeito, as metas a atingir no quadro da produção nacional de azeite levam Jaime Silva a querer impor, de cima para baixo, a plantação de olival nos terrenos da Várzea. É preciso dizer com frontalidade que tal proposta é absolutamente errada. Por um lado, existe uma alternativa que dá possibilidade aos pequenos agricultores do concelho de produzirem em larga escala para a agro-indústria, alternativa essa susceptível de atraír pessoas de outras zonas do país, à semelhança do que aconteceu com os seareiros, vindos do Ribatejo, que aqui se instalaram com a produção do tomate. Teríamos, assim, uma espécie de nova colonização, não despicienda quando esta zona se trata de uma das mais desertificadas do País.
Por outro, ninguém ignora a localização daqueles terrenos, a não ser, aparentemente, o Ministro, pois de contrário saberia que em certas alturas do ano os mesmos são engolidos pelas águas do Ponsul, que galgam as margens e se expraiam pela Várzea, deixando submersa uma larga faixa de terra durante dias, ou mesmo semanas. Ainda que a oliveira conseguisse resistir ao stresse hídrico, motivado pelas cheias, de que forma se faria a colheita do fruto, sabendo-se, como se sabe, que o período de cheias concide com o da colheita do olival?
Julgo que a ideia do Ministro teria outra exequibilidade se fosse implementada nos terrenos do Ribeiro do Freixo. Quanto à Várzea, aí não restam dúvidas, o nosso projecto abrirá uma série de oportunidades, sem paralelo nas políticas de fomento agrário implementadas no concelho ao longo da última década. Aliás, as políticas de fomento agrário da autarquia nunca passaram do papel, numa campanha bem orquestrada de mera propaganda eleitoralista. Se não, vejamos: dióspiro: deu em nada, bioetanol: deu em nada; cana-de-açucar: deu em nada; Mercado Abastecedor: deu em nada; borrego: deu em nada; badana: deu em nada; melancia: deu em nada (que me desculpem os exímios escultores de melancia, mas palhaçada não conta e o festival da melancia não conseguiu passar disso). Parafraseando alguém, deu em nada tudo quanto Álvaro Rocha tocou no plano agrícola. Isto não são ilusões, não são mentiras. É a mais pura das verdades.