Cavaco Silva, num artigo escrito há alguns anos, convocou para o campo da política um princípio da economia, conhecido como Lei de Gresham, segundo o qual a má moeda expulsa a boa moeda.
Considerando que tal afirmação poderia querer visar um campo determinado, eventualmente até situado dentro do seu próprio espectro partidário, o actual Presidente da República defendeu que a existência de políticos incompetentes tende a afastar os competentes. Se isso é verdade, e pode ser verdade, são diversos os motivos pelos quais as pessoas com mais capacidades tendem a afastar-se do cenário político, já de si campo sujeito a diversas contrariedades, como a demasiada exposição pública.
Se é certo que este dado se verifica no plano nacional, nos pequenos círculos políticos, onde o caciquismo predomina, torna-se por demais evidente. Ajudados pelos esquemas internos de eleições, que conduzem à perpetuação no poder, os caciques tendem a afastar da sua roda todos quantos teimam em pensar pelas suas próprias cabeças. Nada como ter homens-de-mão para controlar as instituições, mesmo quando elas administrativamente são entes autónomos e independentes. E como estes não cheguem para ocupar todos os lugares disponíveis, existe sempre a possibilidade de entregar à família alguns lugares-chave, criando-se como que uma espécie de monopólio dinástico. É certo que ninguém, por ser filho de quem quer que seja, ou amigo, ou parente, pode ser preterido ou excluído, precisamente pelo facto do seu progenitor, ou amigo, ou parente, ser quem é. No entanto, alguns casos são demasiado questionáveis. E em Idanha existem muitos casos questionáveis. Basta olhar à nossa volta e pensar um pouco. E se, em alguns casos, os preferidos dos caciques forem de facto pessoas incompetentes, quem perde com a sua falta de capacidade?